O Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito anunciou no último dia 5 de novembro a inauguração da Avenida das Esfinges, conhecida também como Estrada Kebbash ou ainda Grande Caminho da Procissão, um trabalho de recuperação e reconstrução arqueológica que esteve em escavação por mais de 70 anos. A avenida de cerca de 3 km, teria sido o caminho que os peregrinos percorriam para visitar os templos e homenagear suas divindades.
Repleta de esfinges com cabeça de ovelha (criosesfinges), esfinges em pedestais e com feições humanas, a antiga estrada conectava os templos de Karnak à Luxor, localizados na antiga capital do Egito, Tebas.
A recuperação desses locais é um projeto do governo Egípcio, que visa transformar Luxor em um grande museu ao ar livre. A inauguração ocorrida na última quinta (25/11), contou com uma encenação do Festival Opet, que ocorria em Tebas durante o Reino Novo e em períodos posteriores. As estátuas das divindades da Tríade de Tebas — Amon, Mut e Quespisiquis — eram transportadas em barcas em uma procissão, do templo de Amom, em Karnak até Luxor.
Além disso, há um grande problema político social nessas obras do governo. Centenas de moradores da cidade egípcia foram desalojadas, para que fosse possível construir este complexo museológico a céu aberto. O governo egípcio ofereceu compensação financeira e abrigos temporários a muitos dos moradores, mas alguns deles reclamam que o dinheiro não é suficiente para comprar um imóvel novo ou então afirmam não querer se mudar de Luxor.
O objetivo declaradamente econômico, busca recuperar o turismo na região que foi seriamente afetado pela pandemia da covid-19. No entanto, este “cenário” construído para turista, parece uma “Disneylândia Arqueológica”. É necessário entender que tanto a História, quanto a Arqueologia, são ciências que não atendem apenas o passado. Elas existem na compreensão das múltiplas expressões da experiência humana ao longo do tempo, e isto é claro, perpassa o tempo presente em suas demandas sociais.
